As graduações na Liga Internacional de Pa Kua

Sérgio M. de Souza
4 min readApr 5, 2021

A Liga Internacional de Pa Kua é fruto de um encontro inesperado entre nosso fundador e seu mestre, I Chang Ming. Na década de 1970, o Mestre Rogelio Magliacano foi à Coréia do Sul com intuito de validar seus certificados de outras artes marciais e acabou conhecendo o Pa Kua. Ele absorveu os conhecimentos da prática através de um sistema de imersão, que incluiu muitas horas de treino e contato contínuo com seu mentor, onde inclusive retornou posteriormente para aperfeiçoamentos.

No universo das artes marciais, principalmente em países asiáticos, o aprendizado imersivo não era raro, e não é até os dias de hoje. Nos casos em que discípulos interessados precisavam se deslocar, ou vinham de outras regiões pela popularidade do mestre, ou ainda em casos excepcionais, como uma guerra.

Porém, esse não se apresentou como o método ideal para apresentar e difundir o Pa Kua no ocidente. Após a primeira tentativa frustrada, o mestre Magliacano fundou a Liga Internacional de Pa Kua em 1976, certo da necessidade de adaptar o que aprendeu de maneira culturalmente acessível para seus conterrâneos. E uma das medidas foi estabelecer o ensino dentro da concepção de “níveis” de aprendizado.

Assim surgiu nosso sistema de graduações e também a divisão de modalidades, tornando os objetivos de cada faixa mais tangíveis aos ocidentais e facilitando o processo de formação de instrutores. Com uma metodologia sólida e unificada um praticante da nossa escola tem a certeza de que vai aprender os mesmos conteúdos que qualquer outro aluno, independente da cidade, estado ou país de prática. Inclusive, caso se mude ou faça um intercâmbio, vai poder continuar seu aprendizado da mesma forma como aprenderia em sua escola de origem.

O mestre fundador desenvolveu o método de ensino na Liga Internacional de modo que as faixas coloridas apresentassem tópicos distintos a cada faixa, sendo a faixa preta a união de todos esses aprendizados. Fazendo uma analogia, seria como em cada faixa colorida se recebesse um material de construção com instruções, para que na faixa preta se possa construir a sua casa sabendo exatamente para que serve cada um desses materiais.

Isso significa que a faixa preta não simboliza que o aluno conquistou a “maestria” das técnicas mas sim que agora se está pronto para começar o estudo resultante da união desses recursos, buscando o desenvolvimento dessa maestria.

Esse conceito é importante porque muitas pessoas idealizam que a faixa preta de Pa Kua é a representação de que se atingiu o topo, quando na verdade indica o inicio de um estudo mais minucioso, onde o aluno finalmente se encontra em posse de todos os elementos que ele precisa para o estudo de Pa Kua naquela modalidade. Na faixa preta, do primeiro a finalização do oitavo grau leva-se no mínimo 36 anos, e a partir daí se iniciam outros ciclos de progresso com as faixas bordô e branca.

As graduações dentro de aula

Dentro da aula regular o mais graduado deve sempre se adaptar ao menos graduado, buscando auxiliá-lo no seu aprendizado e aprimoramento. Isso reforça a filosofia familiar presente dentro da escola, onde o irmão mais velho ajuda o irmão mais novo.

Essa adaptação se reflete na evolução individual, já que o objetivo central de Pa Kua é sempre a busca pelo desenvolvimento pessoal através das ferramentas que o estudo das oito mutações oferece.

Desenvolvimento dos mais graduados

Para que os mais graduados não sejam prejudicados caso façam sempre aulas com menos graduados, existem aulas específicas para o treinamento das técnicas mais avançadas.
Para aqueles que ensinam também são disponibilizadas aulas de instrutores que focam na manutenção do conteúdo e treinamento de técnicas para aprimorar o ensino.

Já os praticantes acima do terceiro grau da faixa preta tem a oportunidade de anualmente fazerem seminários diretamente com os Mestres Superiores. Nessas aulas os Mestres Superiores aproveitam para alinhar o conteúdo didático de Pa Kua dentre os mais graduados para que todas as escolas no mundo permaneçam ensinando da mesmo forma.

As 8 modalidades e a representação na faixa

Algo que caracteriza a Liga Internacional de Pa Kua é o fato de que o ensino foi divido em modalidades pelo mestre Magliacano. Isso significa que cada uma das oito modalidades vai ter suas próprias graduações, ou seja, um aluno pode ser: faixa preta primeiro grau em Arte Marcial, faixa cinza em Armas de Corte e faixa amarela em Sintonia. Contudo, esse aluno vai sempre carregar a faixa de maior graduação na cintura e os distintivos com as demais modalidades.

A ideia de desenvolvimento em Pa-Kua está muito mais relacionada a uma transformação integral do que somente a performance e desenvoltura no tatame. Ao atingir a faixa preta um praticante precisa, sobretudo, se dispor a aplicar e levar adiante ações efetivas em busca de um mundo melhor. Usa a si mesmo como laboratório para então compreender a potência do exemplo, inspirando e gerando impacto positivo em toda a sociedade.

Abaixo alguns testemunhos de alunos que vieram de outras artes marciais e como foi a continuação do seu estudo em Pa Kua.

Testemunho do aluno Candido de Porto Alegre
Testemunho da instrutora Caroline Fonseca de São Paulo
Videos das aulas abertas internacionais que ocorrem uma vez por ano

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